Não! Este não é um post sobre o reality show
Big Brother Brasil... se você achou que era sobre isto, sinto dizer, mas você veio ao lugar errado! Inclusive, hoje descobri que existe uma infinidade de blogs que se ocupam disto...
quanta criatividade!!! Mas, se você quer saber sobre o histórico de manipulação da Rede Globo, notícias tendenciosas e toda as táticas para induzir seus telespectadores, aí a história é diferente... aqui é o seu lugar!
Hoje falaremos do documentário
"Muito Além do Cidadão Kane" (
Beyond Citizen Kane) feito pela TV inglesa
Channel Four sobre Roberto Marinho e o seu império brasileiro das telecomunicações, que se tornou uma grande pedra no seu sapato. Produzido em 1993, o documentário mira sua críticas ao ex-presidente e fundador da Rede Globo,
Roberto Marinho, fazendo uma comparação com
Charles Foster Kane, personagem do filme
Cidadão Kane de
Orson Welles, que conta a trajetória de um magnata da comunicação nos Estados Unidos. O personagem de Cidadão Kane foi baseado em
William Randolph Hearst, proprietário de vários jornais, revistas, cadeias de rádio e uma produtora de cinema, além de ser conhecido também como o precursor da chamada "imprensa marrom". Segundo o documentário, a Globo emprega a mesma manipulação grosseira de notícias para influenciar a opinião pública como fazia Kane no filme.

O documentário cita fatos importantes envolvendo a Rede Globo, desde sua fundação através da parceria ilegal com grupo americano
Time-Life, o apoio à ditadura militar, a manipulação das informações para privilegiar o então candidato Collor nas eleições para presidente em 1989, entre outras situações. Em
Muito Além do Cidadão Kane, diversas personalidades fazem seus depoimentos como o cantor Chico Buarque, o político Leonel Brizola, o publicitário Washington Olivetto e o atual presidente, Luís Inácio Lula da Silva. Quando o documentário ficou pronto para ser exibido no Reino Unido, a Rede Globo fez o possível para impedir sua exibição por lá através das leis britânicas, o que fez a transmissão ser adiada em 1 ano.
Sua primeira exibição pública no Brasil foi em março de 1994, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-RJ), mas um dia antes da estréia, a Polícia Militar recebeu uma ordem judicial para apreender cartazes e a cópia do filme, ameaçando, em caso de desobediência, mult

ar a administração do MAM-RJ. O secretário de cultura acabou sendo
despedido três dias depois. O filme ainda seria exibido ilegalmente durante os anos 90 em universidades e a partir do ano 2000, foi amplamente divulgado com a popularização da internet. A Rede Globo ainda tentou comprar os direitos de exibição do programa no Brasil, provavelmente para tentar impedir sua exibição. Entretanto, antes de morrer,
Simon Hartog (o diretor do documentário) tinha feito antes de falecer um acordo com organizações brasileiras para que os direitos de exibição do documentário não caíssem nas mãos da Globo, a fim de que pudesse ser amplamente conhecido tanto por organizações políticas quanto culturais. Sabendo disso, a Globo perdeu o interesse em comprar o filme (orientada pelos seus advogados), mas até hoje uma decisão judicial proíbe a exibição de
Beyond Citizen Kane no Brasil.

O incômodo criado pelo documentário é visivelmente notado no site
Memória Globo, da própria emissora, onde destacam-se justamente os eventos negativos que foram focados em
Muito Além do Cidadão Kane, quase como uma forma de se justificar (ou de colocar em descrédito) o que foi abordado, como as eleições de 89 (tendenciosamente apoiando o candidato Collor), os eventos sobre as
Diretas Já de 84 (ignorada pela emissora na época), a tentativa de fraude nas eleições do Rio de Janeiro em 82 (onde a Globo informou dados alterados das pesquisas visando favorecer o candidato da ditadura), entre outras. Um dos entrevistados no documentário comenta com lucidez o poder político que a emissora tem, por tratar os assuntos sempre com a visão governista da situação. Também pudera... os políticos mais poderosos do país tem ligações estreitas com a Globo, como é o caso de ACM na Bahia (a família é a dona da Rede Bahia e filiadas), Sarney (a família é a dona de emissora filiada no Maranhão), assim como tantos outros políticos.
A abertura do documentário:

Recentemente a emissora cearense
TV Diário, filiada e dos mesmo proprietários da
TV Verdes Mares que, por sua vez é filiada à Rede Globo, teve interrompido o seu sinal via satélite desde o dia 25 de fevereiro, tendo o seu sinal restrito apenas ao Estado do Ceará. Blogs e sites especializados, diretamente apontam a Rede Globo de Televisão como a principal responsável pelo interrompimento do sinal. “A
TV Diário corria na contramão dos interesses obscuros da Rede Globo”, publicou o blog
Vi o Mundo, do jornalista
Luiz Carlos Azenha. A TV Diário tem como principal característica mostrar a região nordestina com uma linguagem coloquial desviando do foco pré-adquirido por outras emissoras do País, utilizando-se de irreverência e uma didática inovadora e diferente.

E sobre o título do post, para os que não sabem,
Big Brother é o nome dado ao ditador do filme
1984 (já
comentado anteriormente no
Arte de Quem), adaptado do livro de
George Orwell sobre uma sociedade pós guerra atômica, em que seus cidadãos são totalmente manipulados por um regime totalitário que considera as emoções ilegais, além de vigiar a todos através de câmeras espalhadas em todos os ambientes. Daí veio o nome do programa... muito irônico a Rede Globo batizar assim o seu reality show!
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