quarta-feira, 6 de junho de 2012

A moda do politicamente correto

Se tem uma coisa (chatíssima) que atualmente vem se infestando por todos os setores é essa onda do políticamente correto. Vaza pelas bordas os discursos moralistas. Existem até especialistas em dar sermão, dos quais são publicados periodicamente em vídeos no youtube, onde mostram alguém teatralmente indignado falando sobre os costumes decadentes. É claro que há muitas coisas erradas (como sempre houve), mas espera um pouquinho... o fim do mundo está mais além!

E ninguém está imune... o cantor Chico Buarque, por exemplo, lançou no ano passado o disco "Chico" e logo na primeira música, uma frase de impacto chamou a atenção dos críticos, que despertaram do sono profundo assustados com a frase "(...) é como amar uma mulher sem orifícios (...)". O detalhe é que não prestaram atenção ao contexto da música e a partir daí, o alvo era óbvio: Chico Buarque! Um jornal até colocou sua música num ranking das letras mais infelizes da MPB. Basta ouvir a letra com atenção para perceber que não há a tal "heresia" apontada, apesar das palavras fortes.

Observando situações como estas, é mais do que natural achar que o mundo se tornou um lugar muito complicado de se viver. Fazer uma crítica ou dar uma opinião pessoal, principalmente quando se trata de uma pessoa pública, é quase um risco. Não há mais a visão macro... tudo é visto pelo lado da discriminação, tudo é visto na maldade. Clássicas canções infantis foram mudadas em nome do politicamente correto. Eu fico aqui pensando comigo que já houveram gerações que cresceram ouvindo as mesmas cantigas do jeito "errado" original e nem por isso se tornaram sádicos, que atiravam o pau no gato só para ver o "miau". E quando se trata de uma crítica, então? Criticar (salvo exceções, é claro) é pedir pra ser processado... como se o dinheiro curasse qualquer honra ferida. Nem as piadas (no Brasil, principalmente) tem escapado dessa malha fina, como foi o caso do humorista Rafinha Bastos que fez uma piada infeliz e foi praticamente linchado pela opinião pública.

Exemplos para isto não faltam. No mês passado, o lutador filipino Manny Pacquiao, campeão mundial de boxe, sofreu na pele por conta de uma opinião pessoal, que acabou sendo aumentada e espalhada pelos meios de comunicação e que gerou um turbilhão de reações. O que aconteceu foi que Pacquiao deu uma entrevista, publicada num site, sobre não concordar com o presidente Barack Obama sobre o casamento gay. O site, por sua própria conta, aproveitou a deixa e colocou um trecho da bíblia que condena a união e aí começaram as reações. Os patrocinadores do lutador se irritaram com a opinião, que gerou uma série de protestos nas páginas da empresa e um shopping cancelou um evento publicitário. O lutador voltou à mídia para se explicar, dizendo que apenas não concordava com a união, e não que estava condenando os gays.

Mas enfim, o assunto é muito extenso... para ilustrar o post de hoje, como de costume, segue um vídeo do extinto programa humorístico dos anos 80 "TV Pirata", que mesmo com mais de 20 anos, ainda soa incrivelmente atual. O vídeo trata, com a ironia que era marca do programa, a forma extremamente séria como coisas banais são encaradas no país. Vejam e tirem suas conclusões:



Imagens: Google