No universo dos super-heróis das histórias em quadrinhos, acredito que existem mais de uma centena de defensores da justiça que através de suas habilidades fantásticas, se aventuram por aí em da ordem. Mas mesmo com tantos personagens fazendo basicamente as mesmas coisas, ainda que com poderes bem diferentes uns dos outros, alguns conseguiram maior notoriedade, como é o caso do Batman, um dos poucos super-heróis que não tem super poderes. Mas afinal, por que um herói que nada mais é do que um homem fisicamente normal, obcecado por justiça e que anda fantasiado pelas noites combatendo o crime com as próprias mãos fez mais sucessos que tantos outros super-heróis que voam e fazem coisas fantásticas? Talvez a resposta para isso seja justamente porque ele está mais próximo da nossa realidade... mas pra isso, precisamos conhecer melhor o herói e sua história.
Falar do histórico de um herói de HQ é sempre complicado, porque com o passar dos anos é normal que alguns pontos da sua origem sejam revistos para adequar-se ao presente. No princípio, quando foi criado por Bob Kane e Bill Finger, a origem do personagem demorou um pouco para ser focada desde sua primeira aparição 1939, na revista Detective Comics nº 27, e foi sendo construída aos poucos. Coube ao desenhista Frank Miller, na minissérie Batman: Ano Um, dar mais consistência e um tom mais sombrio a origem do herói. A chama que alimenta Batman se dá com o então garoto Bruce Wayne, filho do milionário médico Thomas Wayne e Martha Wayne, que assiste o assassinato de seus pais por Joe Chill, um ladrãozinho barato. Presenciar a morte dos pais causou um sério distúrbio psicológico no jovem que se empenhou com afinco em busca da vingança a qualquer preço, o que com o passar do tempo foi canalizado para a busca pela justiça. Ele viajou pelo mundo, buscou compreender a mente dos criminosos, aprendeu todas as artes marciais, técnicas de combate e desenvolveu seu aperfeiçoamento físico e mental.
Com isso, Bruce Wayne criou o Batman para combater o crime numa cidade onde os índices de criminalidade são caóticos, defendendo os inocentes e causando o pavor nos criminosos com o seu traje de morcego, animal que o amedrontava quando criança por conta de um trauma. Quando assume a identidade de Batman, ele altera significativamente sua voz para disfarce e intimidação, passa a ser alguém frio, determinado e implacável, utilizando diversos truques para criar uma aura de lenda urbana sobre si próprio. Durante o dia ele se esconde sob a imagem do playboy bilionário e displicente, filantropo e proprietário das Empresas Wayne, conglomerado de empresas dentre as quais está a Waynetech, do ramo da alta tecnologia. Na verdade, Batman não se trata de um justiceiro sem limites que sai pelas noites atrás de malfeitores... ele utiliza o seu personagem mascarado para intimidar, capturar e entregar os criminosos nas mãos da lei, mas nunca para matá-los.
Talvez o sucesso de Batman se dê por conta do colapso atual de diversos setores e valores como, apenas para citar alguns, a segurança pública ineficiente, corrupção na polícia, envolvimento de políticos e membros do ministério público com a criminalidade, psicopatas e loucos a solta, enfim, coisas que observamos todos os dias nos noticiários, do tipo de notícias como esta. Ou seja, é muito fácil associar a ficção de Gothan City com a realidade das grandes cidades. Ao ver o requinte de maldade dos crimes que ocorrem atualmente, é muito comum surgir essa sede por justiça e é justamente neste ponto onde o homem-morcego entra no nosso imaginário com tanto sucesso.
Nas HQs, ocorreram muitas características e fatos dramáticos que dão um tom ainda mais verossímil de realidade e que, para quem apenas conhece o mascarado através do cinema e da TV, é muito interessante e revelador. Apenas citando alguns:
• o mordomo Alfred tem formação em medicina de guerra, e sugere que já teve ligação com a Scotland Yard;
• a morte de um dos Robins (houve quatro), Jason Todd, pelo Coringa. Uma das características deste Robin era a instabilidade e o descontrole, sobretudo no combate aos criminosos, quando lutava com uma fúria incontrolável;
• Na chamada “fase de ouro” do herói, Batman teve um romance com Selina Kyle, a Mulher Gato, com quem se casou e teve uma filha, aposentando aos poucos o homem morcego. Quando ficou mais velho, assumiu o posto de comissário quando James Gordon se aposentou;
• Gothan City já sofreu um terremoto;
• a primeira Bat-girl (houve duas), Barbara Gordon (filha do comissário Gordon), perdeu o movimento das pernas por causa de um tiro do Coringa;
• Batman já foi seriamente ferido numa batalha com o vilão Bane, sendo obrigado a se retirar por um longo tempo, período em que foi substituído por Azrael, que com o passar do tempo perdeu o controle e ficou muito violento;
• Dick Grayson, o primeiro Robin, assumiu o posto de Batman quando Bruce Wayne foi dado como morto, tendo Damian Wayne (filho de Bruce Wayne) como Robin.
Cinema e TV
Há quem acredite que a motivação para a criação do personagem surgiu num filme de terror de 1926 chamado “The Bat”. Em 1933, o diretor refez o filme sob o nome de “The Bat Whispers”, que o próprio Bob Kane dizia ser este o filme que o inspirou a criar o personagem... o contexto do filme é muito diferente, com um criminoso que se fantasia de morcego numa velha mansão para intimidar os visitantes, mas a imagem é bem parecida. Nos anos 40 foram feitos dois filmes sobre o herói por Roland West: “O Morcego” (The Batman – 1943) e “A Volta do Homem Morcego” (Batman e Robin – 1949), mas como era de se esperar, o figurino era desastroso.
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Em 1966 surgiu a série “Batman” na TV, que também rendeu um filme e que podemos seguramente dizer que foi a principal responsável pela popularização do herói. É claro que a série era voltada mais para o lado do entretenimento fácil, diálogos cheios de clichês ridículos, sem qualquer aprofundamento nas características dos personagens das HQs, inclusive colocando o personagem em vários momentos cômicos, como Batman surfando, lutando boxe, num debate político, dançando, as lutas, enfim... coitado do Batman nessa época!!! Mas não há como negar a importância da série para o personagem.
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Em 1989, Tim Burton assumiu a direção dos filmes de Batman e resolveu dar um ar mais sombrio ao homem morcego, num filme que foi um verdadeiro estrondo no cinema, com filas quilométricas e tratando do personagem com a seriedade que ele merecia (até então). Mas os fãs de Batman questionaram a escolha de Michael Keaton, que era muito baixo para o papel, além de algumas pequenas alterações na história do herói, como colocar o bandido que matou seus pais como o Coringa na sua juventude. Em 1992 veio a seqüência “Batman – O Retorno”, ainda mais sombrio e com a aparição do Pingüim e da Mulher Gato. O filme não teve o mesmo fôlego do anterior.
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A partir de 1995, Joel Schumacher assumiu a direção nos dois filmes seguintes, “Batman Eternamente” e “Batman e Robin”, dignos de esquecer. Nem mesmo as presenças de atores famosos como Val Kilmer ou George Clooney como Batman, Chris O’Donnell (Robin), Arnold Schwarzenegger (Sr Frio), Jim Carrey (Charada), Tommy Lee Jones (Duas Caras), Alicia Silverstone (Batgirl) ou Uma Thurman (Erva Venenosa) salvaram o filme do fiasco. De fato, os roteiros eram muito fracos e nem o melhor ator do mundo conseguiria escapar.
Até que chegou Christopher Nolan para salvar o prestígio do homem-morcego com os ótimos “Batman Begins” e “Batman – O cavaleiro das trevas”. Os dois filmes trataram o personagem com mais realidade, fundamentando sua origem, seguindo fielmente (ou quase) as HQs, construindo todo um lado psicológico tanto por parte do herói como por parte dos vilões. Com atuações memoráveis de grandes atores, incluindo aí o inesquecível Coringa de Heath Leadger. Está previsto para 2011 a estréia do terceiro filme desta nova fase (ainda sem nome), onde o assunto da vez é saber quem será a mulher gato, papel que já foi cogitado para Angelina Jolie, Megan Fox e mais recentemente, Charlize Theron.
E enquanto não temos um Batman (felizmente ou infelizmente?) para combater o crime com eficiência nas grandes cidades, ficamos na espera de outro filme do herói mascarado das HQs, para saciar (e entreter) a nossa sede por uma sociedade mais justa e segura.
Falar do histórico de um herói de HQ é sempre complicado, porque com o passar dos anos é normal que alguns pontos da sua origem sejam revistos para adequar-se ao presente. No princípio, quando foi criado por Bob Kane e Bill Finger, a origem do personagem demorou um pouco para ser focada desde sua primeira aparição 1939, na revista Detective Comics nº 27, e foi sendo construída aos poucos. Coube ao desenhista Frank Miller, na minissérie Batman: Ano Um, dar mais consistência e um tom mais sombrio a origem do herói. A chama que alimenta Batman se dá com o então garoto Bruce Wayne, filho do milionário médico Thomas Wayne e Martha Wayne, que assiste o assassinato de seus pais por Joe Chill, um ladrãozinho barato. Presenciar a morte dos pais causou um sério distúrbio psicológico no jovem que se empenhou com afinco em busca da vingança a qualquer preço, o que com o passar do tempo foi canalizado para a busca pela justiça. Ele viajou pelo mundo, buscou compreender a mente dos criminosos, aprendeu todas as artes marciais, técnicas de combate e desenvolveu seu aperfeiçoamento físico e mental.
Com isso, Bruce Wayne criou o Batman para combater o crime numa cidade onde os índices de criminalidade são caóticos, defendendo os inocentes e causando o pavor nos criminosos com o seu traje de morcego, animal que o amedrontava quando criança por conta de um trauma. Quando assume a identidade de Batman, ele altera significativamente sua voz para disfarce e intimidação, passa a ser alguém frio, determinado e implacável, utilizando diversos truques para criar uma aura de lenda urbana sobre si próprio. Durante o dia ele se esconde sob a imagem do playboy bilionário e displicente, filantropo e proprietário das Empresas Wayne, conglomerado de empresas dentre as quais está a Waynetech, do ramo da alta tecnologia. Na verdade, Batman não se trata de um justiceiro sem limites que sai pelas noites atrás de malfeitores... ele utiliza o seu personagem mascarado para intimidar, capturar e entregar os criminosos nas mãos da lei, mas nunca para matá-los.
Talvez o sucesso de Batman se dê por conta do colapso atual de diversos setores e valores como, apenas para citar alguns, a segurança pública ineficiente, corrupção na polícia, envolvimento de políticos e membros do ministério público com a criminalidade, psicopatas e loucos a solta, enfim, coisas que observamos todos os dias nos noticiários, do tipo de notícias como esta. Ou seja, é muito fácil associar a ficção de Gothan City com a realidade das grandes cidades. Ao ver o requinte de maldade dos crimes que ocorrem atualmente, é muito comum surgir essa sede por justiça e é justamente neste ponto onde o homem-morcego entra no nosso imaginário com tanto sucesso.
Nas HQs, ocorreram muitas características e fatos dramáticos que dão um tom ainda mais verossímil de realidade e que, para quem apenas conhece o mascarado através do cinema e da TV, é muito interessante e revelador. Apenas citando alguns:
• o mordomo Alfred tem formação em medicina de guerra, e sugere que já teve ligação com a Scotland Yard;
• a morte de um dos Robins (houve quatro), Jason Todd, pelo Coringa. Uma das características deste Robin era a instabilidade e o descontrole, sobretudo no combate aos criminosos, quando lutava com uma fúria incontrolável;
• Na chamada “fase de ouro” do herói, Batman teve um romance com Selina Kyle, a Mulher Gato, com quem se casou e teve uma filha, aposentando aos poucos o homem morcego. Quando ficou mais velho, assumiu o posto de comissário quando James Gordon se aposentou;
• Gothan City já sofreu um terremoto;
• a primeira Bat-girl (houve duas), Barbara Gordon (filha do comissário Gordon), perdeu o movimento das pernas por causa de um tiro do Coringa;
• Batman já foi seriamente ferido numa batalha com o vilão Bane, sendo obrigado a se retirar por um longo tempo, período em que foi substituído por Azrael, que com o passar do tempo perdeu o controle e ficou muito violento;
• Dick Grayson, o primeiro Robin, assumiu o posto de Batman quando Bruce Wayne foi dado como morto, tendo Damian Wayne (filho de Bruce Wayne) como Robin.
Cinema e TV
Há quem acredite que a motivação para a criação do personagem surgiu num filme de terror de 1926 chamado “The Bat”. Em 1933, o diretor refez o filme sob o nome de “The Bat Whispers”, que o próprio Bob Kane dizia ser este o filme que o inspirou a criar o personagem... o contexto do filme é muito diferente, com um criminoso que se fantasia de morcego numa velha mansão para intimidar os visitantes, mas a imagem é bem parecida. Nos anos 40 foram feitos dois filmes sobre o herói por Roland West: “O Morcego” (The Batman – 1943) e “A Volta do Homem Morcego” (Batman e Robin – 1949), mas como era de se esperar, o figurino era desastroso.
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A partir de 1995, Joel Schumacher assumiu a direção nos dois filmes seguintes, “Batman Eternamente” e “Batman e Robin”, dignos de esquecer. Nem mesmo as presenças de atores famosos como Val Kilmer ou George Clooney como Batman, Chris O’Donnell (Robin), Arnold Schwarzenegger (Sr Frio), Jim Carrey (Charada), Tommy Lee Jones (Duas Caras), Alicia Silverstone (Batgirl) ou Uma Thurman (Erva Venenosa) salvaram o filme do fiasco. De fato, os roteiros eram muito fracos e nem o melhor ator do mundo conseguiria escapar.
Até que chegou Christopher Nolan para salvar o prestígio do homem-morcego com os ótimos “Batman Begins” e “Batman – O cavaleiro das trevas”. Os dois filmes trataram o personagem com mais realidade, fundamentando sua origem, seguindo fielmente (ou quase) as HQs, construindo todo um lado psicológico tanto por parte do herói como por parte dos vilões. Com atuações memoráveis de grandes atores, incluindo aí o inesquecível Coringa de Heath Leadger. Está previsto para 2011 a estréia do terceiro filme desta nova fase (ainda sem nome), onde o assunto da vez é saber quem será a mulher gato, papel que já foi cogitado para Angelina Jolie, Megan Fox e mais recentemente, Charlize Theron.
E enquanto não temos um Batman (felizmente ou infelizmente?) para combater o crime com eficiência nas grandes cidades, ficamos na espera de outro filme do herói mascarado das HQs, para saciar (e entreter) a nossa sede por uma sociedade mais justa e segura.
olá de novo, meu malcriado amigo...
ResponderExcluirexcelente post...
sou fã de carteirinha do homem morcego...
mas, sabe que já fui comparado a um dos personagens de batman? pejorativamente, mas fui...
rsrsrs...
mas vindo de quem veio o comentário, foi um zero à esquerda...
beijos em seu malcriado coração...
Um verdadeiro ensaio sobre o Homem Morcego, mas só gostei mesmo desse último com Michael Caine e aquele ator que morreu precocemente, no papel do Coringa.
ResponderExcluirSó para desfazer uma dúvida, Edu: foi você quem me enviou um email com a imagem de uma flor e me perguntando se eu havia lhe dedicado uma rosa? Rssss. Que coisa mais enigmática! Tá parecendo mesmo coisa de algum coringuinha da blogosfera.
Bom final de semana!!!
Batman é sexy e os vilões também o são.
ResponderExcluirUma coisa com gosto de oculto, coisa de morcego, coisa da psicologia das pessoas.
Só sei isso mas aprendi muito nessa sua postagem.
obs: Batman sugere algo que há dentro de todos nós. Homens, mulheres, crianças, adolescentes, todos ficam atados às cenas , observe.
Nossa, só agora pude ver esse vídeo!
ResponderExcluirQue embalo, hein?
Ótimos astros já participaram do Batman, lembro-me bem de Michelle Pfeifer, Jack Nicholson e Warren Beaty. Não sei, mas vou tentar o palpite de que os problemas com esse seriado talvez não estejam nos atores, na direção ou até mesmo no roteiro. A "culpa" pode até ser do estardalhaço que a mídia faz...é, pode ser.
Ainda volto para dar uma boa olhada no Arte por Parte.
Grande e sincero abraço!!!